Nas comunicações galácticas que há agora
vislumbro-te, aceno-te, respondes um pouco
depois ambos nos calamos, emudecemos face ao silêncio dos espaços
das esquinas, ao risco adivinhado em tão antigas imagens, como se a noite nos
dissesse não avances, vê-me só como então
Aceno-te na obscuridade
Era noite na cidade e no brilho duro da tua pele escura, na tua demora demorava-me na tua demora
Agora os nossos olhares serão opacos
Como Isabelle Costello fizemos um pacto poético com a indiferença,
a que se vê na noite
e no olhar doce das bestas
brilho, mudez e sede
o animal elástico que se move na noite
o passo enervado da noite
o teu quedares-te à escuta
porque há um vento que levanta
restos dessa terra
e agita as linhas no silêncio e os conduz
para a noite
na sua ordem discreta