Escrevo possuída por algo que não se explica,
Quando o coração acelera e não se contenta,
Ao chorar a vida que resta e não farta,
Moribundo de fogos, cujas brasas são silêncios,
Ao descobrir que há morte na vida, apesar do pulsar quente,
Como se fosse necessário sofrer para seguir em frente,
Quando a sorte tangente às curvas, não se cruza connosco,
E nem na escrita as estrelas iluminam o cenário,
Pintando apenas nuvens, como se pedíssemos chuva,
Ditando silêncios longos, disfarçados de sorrisos tristes!
Árdua tarefa esta de viver tão somente vivendo,
Quando mil desassossegos ardem no peito,
Sem chama a iluminar o corpo, com aquele toque de seda,
Sem chuva que refresque as velhas raízes secas,
Sem castelos, nem sonhos gigantes coloridos,
Sem sol que aqueça o coração remendado e sofrido,
E fecham-se os olhos, pintando longos suspiros,
E por segundos, apenas somos nuamente nós mesmos,
Sem ruídos, sem danças e sem máscaras bordadas,
Ao mergulharmos nos silêncios que a alma nos dita!
Nina Oliveira