Poemas · Outubro 21, 2021

Sem título, de Ivo Machado

têm dias que devoto de mim
desenho até ao tutano
noutros navego por entre silabas
nos próprios passos
falando para os olivais profundos
nas periferias de Damasco
com voz impura
frente à Tua pura e branca
enquanto destruo
uma carta sem destinatário
e assim me perder
à meia-noite na cidade corrompida
ou, quem sabe, o contrário
reparando os meus amores
antes de morrer
a caminho de Damasco.

 

Ivo Machado