Traduções · Janeiro 21, 2023

Dois metros, de Jean-Albert Guénégan

Dois metros entre nós
e não se aventurar
além da marcação
medida e desértica da alma!
Tudo da minha vida se encontra a perder de vista!
Em suspensão, só dá
notícias à distância
das lembranças impacientes,
eu não sorrio
a este mundo monologante
a estes dias que se consomem
tão rápido quanto um romance
estas noites que se confundem
com o reino da palavra.
Com uma mão, estendo
na ponta de vida abreviada
uma rosa vermelha lembrando
que um relâmpago de dois metros
nos separa da breve passagem aqui.
Nu face ao afastamento da vida,
meu coração também foge
de novo me apazigua?
Da flor meneante
da árvore indiferente
no caos do céu,
aproximar, tocar,
agarrar tudo, amar
e a ti meu amor,
estou morto por te abraçar.


Deux mètres entre nous
et ne pas s’aventurer
au-delà du marquage
métré et désertique de l’âme !
Tout de ma vie est à perte de vue.
En sursis, elle ne donne
de nouvelles qu’à distance
des souvenirs impatients,
je ne souris pas
à ce monde monologuant
à ces jours qui se consument
aussi vite qu’une amourette
ces nuits qui se confondent
avec le royaume de la parole.
D’une main, je tends
à bout de vie raccourcie
une rose rouge rappelant
qu’un éclair de deux mètres
nous sépare du bref passage ici bas.
Nu face à l’éloignement de la vie,
mon coeur fuit aussi
m’apaise-t-il encore?
A la fleur grimaçante
à l’arbre nonchalant
dans le chaos du ciel,
approcher, toucher,
saisir tout, aimer
et toi mon amour,
il me tarde de t’embrasser.

Jean-Albert Guénégan