Poemas · Outubro 26, 2021

As Codornizes, de Maria Beatriz Jurado

Escancaradas de viço, uma vermelhidão que recusa estações,
As buganvílias, permanentes de gritos e risos.
O muro é grisalho. Sebe descabelada emaranhada em arame,
Como mulher que perdeu a travessa ou já não a põe.

Contorno-o e saio, ainda salpicada das ondas alegres, porque viver é

[isso.

É a hora das codornizes.
Mãos dadas, quando se lembram. Os dourados das penas das batas;
Fugidia formatura, ora gorda de tagarelas, ora em linhas finas de

[timidez.

Abrindo e fechando a coluna, vigilantes, adultos espanam as asas,
Procurando, em vão, a ordem.

Em vão.
A Máquina avançou, ébria de loucura,
Trovejando sobre cinza,
Atroando as róseas nuvens.
Penas de ouro incerto, escurecendo, jazem em salpicos desordenados.

Maria Beatriz Jurado