quando já não urge ser visto
quando afundamos na observação e no silêncio
e só se escuta o correr do rio subterrâneo em Bolonha
abre-se sobre o peito a violeta do dia
seus olhos amarelos
suas pétalas resistentes
pura seiva e púrpura
como a iniciação à rota da seda
como cartas que chegam
e outras que não se inscrevem à tinta
é violeta a última frequência do visível
um hematoma, um coágulo, sangue perdido sob a pele
para além da flor
só o raio ultravioleta
roça a memória lápis-lazúli
do sonho ultramarino