Poemas · Outubro 19, 2021

A força do novo tempo (1), de Agostinho Jacinto

No papel dobrado o deslizar
de unha e o mastro nasce vertical
Bem cedo se lança o chapéu preto
à ínvia goela do destino

Escapou-se noutra geração
(antes) entre dedos a semente
de mão avó que adivinhou
a floresta pura dos madeiros:
“pinho dançando sob as estrelas
do sul, o vento a balançar o mar”!

Folha volteada por entre os dedos,
a vida, mais dobra menos dobra,
faz-se de vela incendiada a lavrar
mar – lençol de água e sal

“Henrique, vem cedo lançar o preto
chapéu do destino, navegar
Vem lançar meu veleiro origami”!

 

Agostinho Jacinto