reinvento o instante
do vento norte,
eterno migrante
que arrasta vales,
dos continentes rasga
o perfume dos ares.
da solidão se embriaga
o mistério dos ventos
que as coisas sabem
e nos bolsos ainda trazem
o gosto acidulado
do mar.
foi por não saber ler as paisagens
que passei a escrever o vento,
entre meus dedos
traço o rosto do teu corpo,
encho a boca,
abocanho a polpa
para depois
derreter a viagem dos ventos
sob a língua da cor
que desconhecemos,
cor que rouba a possibilidade
de ser cor
furta-cor,
furta-vento.