Poemas · Outubro 26, 2021

Setembro, de Luís Vieira da Mota

Não me tirem deste fim de Verão com timbres outonais,
onde o som das coisas é de cor em ritmos
de cascata
com água fresca de sabor a trevo;
onde a cor das coisas é sinfonia mítica
num final ocaso de laranja e oiro:
com sol vermelho em cristal de lago;
onde o ar se faz de transparência e asas
dum azul sem sombras com olhares longínquos;
onde a fúria de Agosto deixa, da paixão agreste,
uma ternura sem fim nem tempo,
consolidação perene dos amores perfeitos.

Este amadurecer de frutos
a fazer da alma beiral de ninhos:
Setembro de sempre nas eiras largas,
varridas de pó, com cereal a haver.

Outono calmo, nenúfar, lago, sussurro, brisa …
A doce tranquilidade
após violento orgasmo.

Luís Vieira da Mota