Artes / Poemas · Junho 12, 2023

Útero, de Henrique Manuel Bento Fialho

Para a minha mãe

Um vidro separa-nos
uma grade transparente
tu agora num mundo
que me é estranho
mais ainda por ser presença funda
de um corpo ausente

Uma mão furtiva
escapando por entre as grades
para dar uma orquídea?
para dizer quanta falta nos fazes?

Um reflexo nas águas
de um rosto para sempre nosso
porque nem tudo o tempo apaga
mesmo que num eco silencioso
chegue a tua voz
perguntando quanto de sonho
há nesta realidade
ocultada

2/Maio/2021

Henrique Manuel Bento Fialho