Talvez o milagre esteja mesmo aí
sem estar, afinal
talvez esteja na asa
rastejando o fio de água
ou no modo como vês o azul nascer
ou talvez só aí
quando a luz irrompe em ti
ou na página,
esse «tanto faz»
Ou talvez o teu olhar,
querendo flutuar
talvez aí esteja a tua raiz
que não é raiz de coisa nenhuma
talvez esse seja o milagre
o teu, o de apenas quereres nadar
e deixares-te levar
como o vento suavíssimo de verão
esse teu gesto
o de querer deixar-se ir.
Em modo de segredo,
uma qualquer loucura desaguando
e indo, indo.