O tratamento completo reduziu a perda de tecido em até 7%, em comparação com 35% dos corais que não receberam tratamento durante 2,5 anos. Foi desenvolvida uma técnica de tratamento por mergulho que não prejudica outras espécies do mar do Caribe.
Um probiótico retarda a propagação de doenças entre os corais da Flórida
Uma descoberta promissora feita nos recifes da Flórida lança luz sobre novas estratégias para a conservação do meio marinho. Um grupo de cientistas demonstrou que um probiótico marinho, identificado como MCH1-7, é capaz de retardar significativamente a progressão da doença de perda de tecido em corais pétreos (SCTLD). O estudo, publicado na revista Frontiers in Marine Science, mostra resultados convincentes após mais de dois anos e meio de observação.
Este microrganismo foi descoberto em 2018 por investigadores da Estação Marinha Smithsonian numa colónia de corais que conseguiu resistir a uma infecção grave. Após esta descoberta, os cientistas centraram a sua atenção no tetrabromopirrol (TBP), um composto natural produzido pela bactéria que desempenha uma dupla função: serve como sinal para a sedimentação das larvas e como proteção contra doenças.
Técnica de aplicação eficaz e segura
A aplicação do probiótico foi avaliada na espécie Montastraea cavernosa, um coral duro que desempenha um papel fundamental na estrutura dos recifes do Caribe. Os investigadores compararam dois métodos: um local, na forma de pasta aplicada diretamente sobre as áreas afetadas, e outro integral, com o uso de sacos nos quais eram colocadas colónias inteiras e água do mar enriquecida com probióticos.
Os resultados foram evidentes: o segundo método permitiu reduzir a perda de tecido em até 7%, contra 35% dos corais não tratados. Esta diferença é especialmente significativa se considerarmos a elevada mortalidade causada pela SCTLD no Caribe e no Golfo do México.
Apesar da maior complexidade logística, o método de «envolver completamente a colónia» revelou-se muito mais eficaz a longo prazo. Além disso, os testes confirmaram que este método não tem efeitos negativos sobre outras espécies de corais saudáveis, o que abre caminho para uma aplicação mais ampla dos métodos de tratamento sem danificar o ecossistema.
Contexto ecológico e urgência ambiental
Desde o seu aparecimento em 2014, a SCTLD destruiu os recifes do Caribe, propagando-se a uma velocidade alarmante e afetando já mais de 20 espécies de corais. A sua origem ainda não é totalmente clara, mas sabe-se que se transmite rapidamente e tem uma taxa de mortalidade muito elevada. Esta situação, agravada pelo aumento da temperatura do mar e pela poluição costeira, deu origem a uma corrida contra o tempo na busca de soluções.
O uso de probióticos como agente biológico representa uma importante mudança de rumo. Ao contrário das abordagens tradicionais baseadas em antibióticos, que provocam resistência e afetam outras formas de vida marinha, as bactérias benéficas oferecem uma alternativa natural e sustentável.
Exemplos concretos e últimos avanços
Esta abordagem não é única. Em locais como Porto Rico e Belize, já estão a ser desenvolvidos planos-piloto para aplicar tecnologias semelhantes nos recifes afetados. Até mesmo a NOAA (Administração Nacional Oceânica e Atmosférica dos Estados Unidos) está a financiar pesquisas sobre métodos microbiológicos para tratar a SCTLD e outras ameaças aos corais.
Além disso, alguns estados estão a começar a incluir critérios de conservação ativa dos recifes nos seus planos de adaptação às alterações climáticas, o que poderia facilitar a incorporação deste tipo de tratamentos em programas de restauração em grande escala.