Os arqueólogos ficam impressionados com a quantidade de ouro e a importância histórica que isso representa. Um grupo de arqueólogos no sudoeste da China fez uma descoberta que está a chamar a atenção do mundo inteiro. Nas proximidades de Sanxingdui, um local já famoso por suas relíquias milenares, foi descoberta uma antiga oficina que pode transformar o conhecimento que temos sobre uma civilização misteriosa. O que parecia ser uma simples busca por pedras preciosas acabou sendo uma janela aberta para um passado repleto de sofisticação, riqueza e segredos ainda por decifrar.
Uma oficina escondida que desafia o conhecido
Na província de Sichuan, uma equipa de arqueólogos encontrou uma oficina com mais de 3.000 anos que deixou a comunidade científica sem palavras. Ela foi encontrada a poucos metros dos poços de sacrifício de Sanxingdui, conhecidos pelos seus artefactos rituais e esculturas de bronze. Mas o que surgiu nesta nova escavação superou as expectativas.
O local abriga vestígios de um complexo industrial surpreendentemente avançado para a época. Foram encontradas ferramentas em grandes quantidades, fornos, valas com cinzas e peças de jade e ouro em diferentes estágios de elaboração. Esses elementos indicam que não se tratava de um espaço improvisado, mas de um centro de produção artesanal altamente desenvolvido.
Esta descoberta não foi fruto de uma pesquisa arqueológica convencional. Inicialmente, o objetivo era localizar fontes de pedras preciosas na região, mas o que surgiu foi um testemunho tangível do poder manufatureiro do antigo Reino Shu, uma civilização que ainda permanece envolta em mistério.
O tesouro escondido do Reino Shu
O Instituto Provincial de Investigação Arqueológica e Relíquias Culturais de Sichuan confirmou que a oficina servia para armazenar materiais, fundir metais e esculpir jade. Entre os achados mais relevantes estão:
- Milhares de ferramentas utilizadas para trabalhos artesanais
- Fragmentos de metais preciosos, como ouro
- Restos de jade esculpido em várias fases de produção
- Fundações e estruturas de trabalho perfeitamente organizadas
Tudo isso revela que o Reino Shu não tinha apenas habilidades artísticas, mas também tecnológicas. Esse nível de organização e técnica é incomum para uma sociedade que viveu há mais de 3.000 anos e muda completamente a percepção que se tinha sobre sua capacidade produtiva.
Até à data, foram recuperadas mais de 60.000 relíquias no local, de acordo com dados oficiais do Consulado da China. Isto torna a escavação uma das mais importantes do continente asiático, não só pelo seu volume, mas também pelo valor histórico que representa.
Novas pistas sobre uma civilização esquecida
Um dos aspetos mais surpreendentes da descoberta é que confirma algo que até agora era motivo de debate: muitas das peças encontradas em Sanxingdui não foram importadas, como se acreditava, mas sim fabricadas localmente. Foi o que afirmou Ran Honglin, chefe da escavação, que explicou que a existência desta oficina demonstra que o Reino Shu contava com uma sofisticada rede de produção interna.
Isso reforça a teoria de que essa antiga civilização possuía não apenas uma rica vida espiritual e artística, mas também conhecimentos avançados em metalurgia, arquitetura e manufatura de luxo. As evidências indicam que eles dominavam técnicas de fundição e escultura que, em alguns casos, poderiam ser comparadas às de culturas muito mais estudadas, como a egípcia ou a mesopotâmica.
Para os arqueólogos, esta descoberta posiciona Sanxingdui como um epicentro cultural e tecnológico do mundo antigo e o Reino Shu como um ator fundamental na história da Ásia. No contexto moderno, representa também uma oportunidade para redescobrir uma identidade ancestral que permaneceu enterrada durante milénios.
Esta descoberta não só traz novos conhecimentos sobre a história da China, mas também desafia as nossas ideias sobre o desenvolvimento das civilizações antigas. A oficina de Sanxingdui é muito mais do que um conjunto de ferramentas: é uma porta para um passado dourado, tão enigmático quanto fascinante, que mal começamos a compreender.