Embora pareça um alimento limpo pela sua aparência, o arroz pode conter resíduos de arsénico inorgânico e vários pesticidas utilizados durante o seu cultivo e processamento

Lavar os alimentos antes de os consumir é uma prática fundamental para proteger a saúde. De acordo com as recomendações do Ministério da Saúde (Minsa) e da Segurança Social da Saúde (EsSalud), frutas e vegetais devem ser cuidadosamente lavados com água potável para eliminar resíduos de terra, poeira, bactérias e, acima de tudo, pesticidas. Esta ação simples pode prevenir doenças gastrointestinais e reduzir a exposição a substâncias tóxicas. No entanto, esse hábito não deve ser aplicado apenas a alimentos frescos, mas também a outros produtos de consumo diário, como o arroz branco, um alimento básico na dieta peruana.

O arroz branco é parte essencial de muitos pratos tradicionais do país, desde o arroz com frango até o arroz chaufa. Mas, embora pareça um alimento limpo pela sua aparência, o arroz pode conter resíduos de arsénico inorgânico e vários pesticidas utilizados durante o seu cultivo e processamento. Por esta razão, saber quantas vezes deve lavar o arroz antes de cozinhar não só melhora a sua textura e sabor, mas também é um ato de prevenção para proteger a sua saúde e a da sua família.

Quantas vezes deve lavar o arroz?

Os especialistas recomendam lavar o arroz entre 4 e 6 vezes, ou até que a água fique quase transparente. Este processo ajuda a eliminar o amido superficial (que torna o arroz pegajoso), bem como resíduos de pó, impurezas, restos de pesticidas e parte do arsénico inorgânico.

Uma técnica ainda mais eficaz é deixar o arroz de molho durante pelo menos 30 minutos e depois deitar fora essa água antes de cozinhar. Isto permite reduzir ainda mais a quantidade de substâncias nocivas. Também pode-se usar o método de cozimento com excesso de água: cozinhe o arroz na proporção de 6 partes de água para 1 de arroz e depois escorra o excesso, como se fosse massa. Este método pode reduzir o arsénico em até 40% a 60%.

O arsénio inorgânico

O arsénio inorgânico é um metal pesado que se encontra naturalmente no solo e na água, mas que também pode estar presente devido à poluição agrícola. O arroz, por ser uma cultura plantada em campos alagados, absorve mais arsénico do que outros cereais. Este composto deposita-se tanto na casca como no grão dos cereais, pelo que mesmo o arroz branco (que já foi polido) pode contê-lo.

Além do arsénio, o arroz branco pode conter resíduos de pesticidas comuns no seu cultivo, entre eles:

  • Clorpirifós: inseticida neurotóxico, especialmente prejudicial para crianças.
  • Triciclazol: fungicida para o controlo da ferrugem do arroz, uma doença destrutiva que afeta as culturas de arroz em todo o mundo.
  • Propiconazol: fungicida que pode afetar o sistema endócrino.
  • Buprofezina: inseticida suspeito de ser um desregulador hormonal.
  • Glifosato: herbicida amplamente utilizado, classificado como “provavelmente cancerígeno” pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
  • Carbendazim: fungicida com possíveis efeitos na fertilidade e no desenvolvimento fetal em estudos com animais.

Esses pesticidas podem ser encontrados em pequenas quantidades permitidas pela legislação de cada país, mas a sua presença repetida no consumo diário pode representar um risco cumulativo.

Como o arsénio inorgânico e os pesticidas do arroz branco afetam a saúde

O arsénio inorgânico, quando consumido de forma constante, acumula-se no corpo e pode causar graves consequências para a saúde a longo prazo. Alguns dos efeitos documentados incluem:

  • Cancro (de pele, pulmão, bexiga)
  • Problemas cardiovasculares
  • Alterações do sistema nervoso
  • Diabetes tipo 2
  • Danos hepáticos e renais
  • Afectação do desenvolvimento cerebral em crianças

No caso dos pesticidas mencionados, embora os níveis presentes no arroz sejam geralmente baixos, a sua ingestão frequente pode gerar efeitos neurotóxicos, hormonais, reprodutivos e até aumentar o risco de doenças crónicas. As mulheres grávidas, as crianças e as pessoas com doenças crónicas são os grupos mais vulneráveis.

Outros cereais que contêm arsénio inorgânico

Além do arroz branco, o arsénio inorgânico também pode ser encontrado em outros cereais, como o arroz integral, que geralmente contém concentrações mais elevadas devido ao facto de conservar a casca externa, onde se acumulam os metais pesados. Também foi detectado arsénio em produtos derivados do trigo, aveia, cevada, milho e centeio, embora em níveis muito mais baixos do que no arroz. Estes cereais podem contribuir para a exposição total ao arsénio, especialmente quando fazem parte habitual da dieta. Por isso, recomenda-se variar o consumo de grãos para reduzir o risco.

Porquê lavar o arroz durante 30 minutos?

Deixar o arroz de molho durante pelo menos 30 minutos antes de cozinhar é uma técnica simples que melhora a sua textura e o torna mais saudável. Ao deixá-lo na água, os grãos hidratam-se, o que permite que cozinhem de forma mais uniforme e fiquem mais soltos. Além disso, esse processo ajuda a eliminar parte do amido superficial e possíveis resíduos de arsénio ou outras impurezas presentes no arroz. É importante descartar essa água de molho e enxaguar o arroz novamente antes de cozinhar. Este passo não só melhora o sabor, como também facilita a digestão e reduz o risco tóxico.

By acanto