De acordo com um relatório da GQ, o uso responsável deste ingrediente, comprovado por estudos científicos, permite desde a redução das dores nas articulações até a prevenção de doenças crónicas.

A curcuma já não é apenas uma especiaria exótica: hoje em dia, desempenha um papel importante em suplementos, café e programas de bem-estar. Promete aliviar a dor, cuidar do cérebro e proteger o coração. Moda ou fundamento científico? A resposta surpreende.

Esta especiaria de cor amarela brilhante, originária da Índia, ganhou popularidade no Ocidente graças às suas possíveis propriedades benéficas para a saúde e atualmente faz parte de suplementos, bebidas funcionais e produtos naturais.

Cinco benefícios comprovados da curcuma

1. Alivia a artrite e as dores nas articulações

Uma das vantagens mais notáveis é a capacidade de diminuir a dor em pessoas com artrite. Paul Bergner, médico fitoterapeuta e diretor do Instituto Norte-Americano de Fitoterapia Médica, afirmou à revista GQ que a curcuma pode servir como uma alternativa natural aos AINEs, sem os efeitos colaterais desses medicamentos no trato gastrointestinal.

Jenna Wolpe, nutricionista funcional, citou uma revisão sistemática de 2021 que concluiu que a curcuma é mais eficaz do que o placebo e tão eficaz quanto os AINEs (anti-inflamatórios não esteróides, como o ibuprofeno) no tratamento da artrite do joelho. Segundo Volpe, a curcuma atua bloqueando as prostaglandinas, substâncias químicas pró-inflamatórias que causam dor e rigidez.

Um estudo clínico randomizado de 8 semanas com 101 adultos com osteoartrite do joelho, publicado na revista Nutrients, mostrou que 500 mg de curcumina duas vezes ao dia reduzem significativamente a dor e melhoram a função física em comparação com o placebo.

2. Melhora a saúde intestinal

Além da ação analgésica, a curcuma também é benéfica para o sistema digestivo. Stephanie Schiff, nutricionista do Huntington Hospital em Northwell Health, explicou que ela promove o crescimento de bactérias benéficas no intestino e fortalece a função de barreira intestinal, o que impede que substâncias nocivas entrem no organismo.

Isso não só melhora a absorção de nutrientes, mas também reduz o risco de infeções e inflamações.

Um estudo clínico controlado com 206 pacientes com dispepsia funcional, publicado na BMJ Evidence-Based Medicine, mostrou que 250 mg de curcumina quatro vezes ao dia durante 28 dias foram tão eficazes quanto o omeprazol no alívio dos sintomas digestivos, sem efeitos colaterais significativos.

3. Reduz a inflamação geral no organismo

A inflamação crónica é um dos principais fatores de risco para doenças como diabetes, doenças cardiovasculares e alguns tipos de cancro.

Schiff salientou que a inclusão da curcuma numa dieta anti-inflamatória pode ajudar a fortalecer o sistema imunitário.

A curcumina, o componente ativo da curcuma, bloqueia várias moléculas inflamatórias, como prostaglandinas, citocinas e a enzima COX-2, reduzindo assim a resposta inflamatória do organismo, de acordo com a Harvard Health Publishing e o guia Herbal Medicine do NCBI.

4. Melhora a saúde do cérebro

A curcuma também é associada a efeitos positivos no cérebro. Volpe afirmou à GQ que a curcumina ajuda a prevenir a acumulação de proteínas beta-amilóides e tau, associadas à doença de Alzheimer.

Além disso, Schiff observou que este composto aumenta os níveis de serotonina e dopamina, hormonas associadas ao bem-estar emocional, o que lhe confere um potencial efeito antidepressivo natural.

De acordo com um estudo publicado no British Journal of Nutrition, idosos saudáveis que consumiram 1500 miligramas de curcumina diariamente durante um ensaio clínico randomizado e controlado de 12 meses mantiveram funções cognitivas estáveis, enquanto o grupo placebo apresentou um deterioramento significativo. Esta descoberta sugere um possível efeito neuroprotetor da curcumina contra o envelhecimento.

5. Ajuda a reduzir o colesterol

Schiff explicou que a curcuma pode reduzir a produção de colesterol LDL no fígado e acelerar a sua eliminação, bem como prevenir a formação de placas nas artérias graças à sua ação antioxidante.

Wolpe acrescentou que, ao combater a inflamação, ela pode ajudar a reduzir o risco de doenças cardiovasculares, como ataques cardíacos e acidentes vasculares cerebrais.

De acordo com uma revisão sistemática publicada na Nutrition Reviews, os suplementos de curcumina levaram a uma redução significativa dos níveis de colesterol total, LDL e triglicéridos e a um pequeno aumento dos níveis de HDL. A análise incluiu 72 ensaios clínicos realizados em pessoas com doenças metabólicas e sugere que a curcumina pode desempenhar um papel adicional no controlo do perfil lipídico.

Como funciona e como consumir

A curcumina representa entre 2% e 9% do conteúdo da curcuma. Ela atua bloqueando os processos inflamatórios e também possui propriedades antioxidantes, antivirais, antidiabéticas e anticancerígenas, de acordo com dados do Centro Nacional de Informação Biotecnológica e da Harvard Health Publishing.

O seu principal problema é a baixa biodisponibilidade, por isso é recomendável consumi-la juntamente com gorduras saudáveis ou piperina, um composto da pimenta preta que melhora a sua absorção em até 2000%.

Paul Bergner recomendou à revista GQ uma colher de chá de curcuma em pó três vezes ao dia para tratar dores nas articulações. Wolpe, por sua vez, sugeriu uma dose diária de 1000 miligramas de curcumina, enquanto a Fundação para a Luta contra a Artrite, citada pela Harvard Health Publishing, recomenda tomar cápsulas de 500 miligramas duas vezes ao dia. Schiff alertou que não se deve exceder oito colheres de chá por dia para evitar efeitos colaterais, como náuseas ou diarreia.

Os especialistas concordaram que a melhor forma de consumir a curcuma é na alimentação diária: em caril, sopas, ovos ou bebidas, como o leite dourado. No caso dos suplementos, é importante que contenham piperina e sejam tomados com alimentos gordurosos.

Precauções e advertências

A Food and Drug Administration (FDA) dos Estados Unidos considera a curcuma «geralmente segura». No entanto, o seu uso como suplemento pode apresentar riscos se a sua composição não for verificada.

Antes de iniciar o consumo regular, é recomendável consultar um médico, especialmente mulheres grávidas, pessoas que tomam anticoagulantes, diabéticos, pacientes com doenças do trato biliar ou em quimioterapia. A GQ enfatiza que a cúrcuma não deve substituir o tratamento.

Quando consumida de forma responsável e sob supervisão de um especialista, a curcuma pode ser uma ajuda valiosa no alívio das dores nas articulações, no cuidado intestinal, na redução da inflamação, na proteção da atividade cerebral e no controlo do colesterol. O apoio científico à curcuma está a crescer, mas o seu consumo deve sempre fazer parte de uma abordagem abrangente e individualizada à saúde.

By acanto