Está calor, a água convida e, de repente, sente algo mole a roçar os seus tornozelos: susto de verão garantido. Fique tranquilo, não se trata da temida medusa que arruína as tardes na praia, mas sim de curiosas «colunas» transparentes chamadas salpas. Esses animais, que parecem saídos de um filme de ficção científica, aparecem há anos nas nossas costas e, em 2025, não quiseram perder a festa.

O seu corpo cilíndrico, com apenas alguns milímetros a 10 centímetros, é tão frágil que se desfaz ao menor toque, o que explica que muitos os confundem com plástico flutuante. O motivo da sua invasão em massa está no menu: o fitoplâncton floresceu em grande e elas, como boas filtradoras, aproveitam o banquete. Quer saber se deve se preocupar ou simplesmente se maravilhar com as cores? Continue lendo.

O que são realmente as salpas e por que estão aparecendo agora?

As salpas pertencem ao grupo dos tunicados, invertebrados marinhos com uma “túnica” externa que lhes dá o nome. Funcionam como um minúsculo motor hidráulico: aspiram água por um sifão, expelem-na pelo outro e, de passagem, filtram o fitoplâncton de que precisam para viver. Quando esse fitoplâncton dispara, como acontece neste verão, as colónias de salpas também o fazem, formando impressionantes fileiras de vários metros que dançam ao ritmo das ondas.

A seguir, apresentamos um rápido resumo dos anos em que estas criaturas já nos visitaram e o motivo de cada incursão:

Como pode ver, o filme se repete de tempos em tempos: muita comida disponível, muitas salpas na costa. Não há conspirações nem mutações estranhas, apenas um ciclo natural que é ativado quando as condições de nutrientes, temperatura e correntes se alinham.

Elas representam algum perigo para os banhistas?

Spoiler: risco zero. Ao contrário das medusas, as salpas não têm tentáculos urticantes e não libertam toxinas. Na verdade, são tão delicadas que, ao serem tocadas, tendem a «desaparecer», pelo que a ameaça é mais ou menos o contrário: nós é que podemos magoá-las ao pisá-las sem querer. Portanto, se vir uma corrente viscosa a flutuar, respire fundo e continue a mergulhar.

Além disso, a sua presença geralmente indica que o mar está em boas condições. Um oceano com fitoplâncton abundante está a produzir oxigénio e a alimentar toda a cadeia alimentar. A presença de salpas significa, em termos simples, que o motor biológico está a funcionar.

Como reconhecer uma salpa no meio de uma onda?

Primeira pista: parecem barquinhas de vidro com dois pequenos orifícios nas extremidades. Segunda pista: não têm forma de campânula nem filamentos urticantes como as medusas. Se você olhar bem, talvez veja um tom marrom ou esverdeado no interior, sinal de que estão se alimentando de fitoplâncton. Costumam se agrupar como se fossem contas de colar e podem se estender por vários metros mar adentro, criando um espetáculo tão hipnótico quanto inofensivo.

No entanto, a sua transparência e textura gelatinosa tornam-nas camaleónicas: meio segundo de distração e pode confundi-las com um saco de plástico rasgado. Por isso, é útil conhecer as suas características para evitar alarmes desnecessários.

O que fazer se encontrar salpas na praia?

Embora o primeiro impulso seja afastá-las, o mais sensato é ajudá-las a continuar a fazer o seu trabalho ecológico. Na prática, basta seguir estes passos:

  1. Observe sem tocar: lembre-se de que elas se desintegram facilmente.
  2. Evite pisá-las, especialmente ao entrar ou sair da água.
  3. Não tente devolvê-las ao mar com as mãos; a própria maré costuma fazer isso.
  4. Se estiver com crianças, explique-lhes o «truque» para distingui-las das medusas: elas não picam nem têm campânula.

Seguindo estas recomendações, protege tanto as salpas como os seus pés e, de passagem, promove um verão mais respeitoso com o meio marinho.

Por que são importantes para o ecossistema marinho?

As salpas são verdadeiras máquinas de limpeza: devoram o fitoplâncton, regulam o seu excesso e evitam problemas como a hipoxia (falta de oxigénio) que pode ocorrer quando estas microalgas se proliferam. Além disso, convertem o carbono que ingerem em excrementos pesados que afundam no fundo, um processo apelidado de «chuva de carbono» que ajuda a retirar CO₂ da atmosfera.

Como se não bastasse, servem de alimento para peixes, aves marinhas e outros invertebrados. Assim, fecham o círculo: controlam a base da cadeia e, ao mesmo tempo, sustentam os níveis superiores. Em resumo, cada salpa que vemos flutuando é um pequeno elo que mantém à tona, nunca melhor dito, a saúde do oceano.

By acanto