Quintas do futuro? No coração rural de Lincolnshire, Inglaterra, a Dyson construiu uma estufa com mais de 105.000 metros quadrados. Este espaço abriga uma operação de agricultura vertical automatizada, capaz de cultivar mais de um milhão de plantas de morango ao mesmo tempo. O projeto é impulsionado por uma visão: combinar engenharia de precisão com sustentabilidade para revolucionar a forma como produzimos alimentos.

Tecnologia de ponta para cultivar morangos

As plantas crescem em rodas giratórias de 24 metros de comprimento e 5 metros de altura, que se movem lentamente para garantir uma exposição solar ideal durante todo o dia. Cada roda pesa aproximadamente 500 quilos, suportando várias fileiras de culturas.

Robôs emissores de raios UV percorrem o sistema eliminando patógenos sem produtos químicos, enquanto outros robôs liberam insetos benéficos, como joaninhas ou vespas parasitas, para combater pragas como pulgões de maneira ecológica.

Quando a fruta atinge o ponto ideal de maturação, 16 braços robóticos são responsáveis por colhê-la com precisão. Em um único mês, o sistema foi capaz de colher 200.000 morangos sem intervenção humana direta.

Energia renovável e ciclo fechado

Um dos aspectos mais inovadores do sistema é sua fonte de energia: um digestor anaeróbico instalado no local. Este equipamento transforma resíduos orgânicos derivados de cereais em biogás, que é usado para mover turbinas e gerar eletricidade. O calor residual é usado para manter a temperatura da estufa estável.

Além disso, o subproduto do processo — conhecido como digestato — é rico em nutrientes e é reincorporado como fertilizante orgânico nos campos, completando um ciclo fechado de nutrientes e energia.

Uso eficiente da água e da luz

O sistema de irrigação aproveita a água da chuva recolhida do telhado da estufa, que mede 760 metros de comprimento. Esta abordagem reduz significativamente o uso de água potável e a dependência de fontes externas.

Para a iluminação, a estufa prioriza a luz solar natural, utilizando iluminação artificial mínima apenas quando é imprescindível, o que reduz o consumo de energia e evita a fadiga luminosa das plantas.

Produção local e redução de emissões

Graças a esta infraestrutura, a Dyson consegue produzir 1.250 toneladas de morangos por ano no Reino Unido, o que permite prescindir de importações de países com climas mais quentes. Esta proximidade reduz consideravelmente as emissões de CO₂ associadas ao transporte internacional, melhorando a pegada de carbono do produto final.

A agricultura vertical e automatizada, como a proposta pela Dyson, representa uma mudança radical na produção alimentar:

  • Aproveita ao máximo o espaço disponível, permitindo cultivar mais com menos terra.
  • Minimiza o uso de recursos naturais, como água e fertilizantes químicos.
  • Reduz a dependência de pesticidas e herbicidas, melhorando a saúde do ecossistema.
  • Aumenta a segurança alimentar local, ao descentralizar e encurtar as cadeias de abastecimento.
  • Facilita o cultivo durante todo o ano, mesmo em climas pouco favoráveis.
  • Integra energias renováveis, transformando resíduos em energia útil e fechando o ciclo de nutrientes.

Este tipo de inovação demonstra que a tecnologia e a agricultura não só são compatíveis, mas também sinérgicas, e podem desempenhar um papel fundamental na luta contra as alterações climáticas e a insegurança alimentar global.

By acanto