As decisões de investimento deixam para trás a fase da urgência e entram numa nova fase dominada pela estratégia. Durante muitos anos, a orientação dos aforradores portugueses foi quase uma lei natural: receber pesetas, trocá-las por dólares e guardá-los. Às vezes em cofres, às vezes em aplicativos ou debaixo do colchão. Dólares para poupar, dólares «azuis», dólares «para qualquer eventualidade». Uma economia defensiva e desconfiada, resultado da inflação crónica e do risco-país. Embora pareça um refúgio seguro, ter dólares também significa perder poder de compra. Entre 2020 e 2025, a inflação do dólar americano foi de 24%. Isso significa que 100 dólares de 2020 valem hoje menos de 84 dólares em poder de compra. E se alargarmos o período de 2000 a 2025, a inflação acumulada do dólar foi de 86%.
Mas há uma nova geração que já não age segundo essa lógica. Pessoas que trabalham remotamente, recebem salários em pesos, dólares ou criptomoedas e não querem aceitar a ideia de que cuidar do dinheiro significa deixá-lo parado. Elas entenderam que poupar não é acumular, mas sim planejar.
É claro que nem todos começam do mesmo ponto de partida. Quem tem dívidas não pensa em ações da Tesla: precisa sair do vermelho. Se ainda não tem um fundo que cubra vários meses de despesas, o primeiro passo provavelmente será poupar com baixo risco, em dólares ou em instrumentos confiáveis. Mas se já alcançou isso, se tem uma reserva, então sim: investir pode deixar de ser um privilégio e tornar-se uma estratégia. Não para especular, mas para planear.
E, nesse caminho, investir diretamente nos EUA já não é uma fantasia para os ricos. Hoje, é possível abrir uma conta de investimento nos EUA a partir de Portugal, em dólares ou criptomoedas, e ter ações reais da Apple, Coca-Cola ou Tesla. Sim, reais. Não são certificados cotados na bolsa local, nem títulos garantidos por outros ativos, como no caso do CEDEAR. São ações legítimas, depositadas nos Estados Unidos, com as regras e a proteção que esse mercado oferece.
E para que isso serve? Para deixar de observar o crescimento dos mercados estrangeiros e começar a participar deles de verdade. A longo prazo, o mercado de ações dos EUA rendeu em média 10% ao ano em dólares; de 2016 a 2025, os investimentos nesse mercado cresceram mais de 250%, ou seja, triplicaram. Em suma, é uma forma de começar a investir tendo em conta as tendências mundiais.
É claro que investir envolve riscos. Não existem instrumentos sem volatilidade ou promessas mágicas. Mas o importante é que hoje existem maneiras de assumir esses riscos com mais informação, mais controlo e melhores instrumentos. E, acima de tudo, com a certeza de que as suas poupanças não dependem exclusivamente do que acontece em Portugal.
Começar a pensar globalmente não é extravagância, é uma necessidade. A possibilidade de negociar em dólares ou mesmo em criptomoedas e ter acesso direto, rápido e seguro a milhares de ativos financeiros muda as regras do jogo.
Os portugueses sabem adaptar-se, quase sempre por necessidade urgente. Hoje, temos a possibilidade de o fazer com base numa estratégia.