A sonda viajará até o asteróide 16 Psyche para mapear um corpo celeste que pode conter mais ferro, níquel e ouro do que todo o que já foi extraído da Terra. Durante décadas, a NASA vigiou o cinturão de asteróides com a mesma mistura de espanto científico e ambição que outrora impulsionou as grandes expedições terrestres. Agora, a questão o que está em jogo, quem o investiga, quando parte a nave, onde se encontra o tesouro e por que é importante, converge num único objetivo: 16 Psyche, um colossal resquício planetário situado entre Marte e Júpiter. A nave Psyche, que levará seis anos para chegar ao seu destino e cujo objetivo não é perfurar, mas medir com precisão a composição e a estrutura do asteróide, o suposto maior depósito de metais preciosos conhecido.
Valor económico de 16 Psyche e metais preciosos
Os cálculos preliminares divulgados em 2019 acenderam a imaginação coletiva: até 700 quintilhões de dólares em ferro, níquel e ouro. Os números dispararam tanto que, no papel, cada habitante do planeta seria multimilionário. No entanto, junto com as manchetes, surgiu uma realidade mais dura: extrair e trazer para casa 27 quatrilhões de toneladas de material levanta dilemas técnicos, logísticos e económicos de enorme calibre.
Desafios logísticos e económicos da mineração espacial
A logística é tudo. Transformar Psyche numa mina espacial rentável exigiria infraestruturas que hoje pertencem à ficção científica: refinarias orbitais, frotas de cargueiros e acordos internacionais sobre propriedade fora da Terra. Mesmo que esses desafios fossem superados, uma inundação repentina de ouro e platina nos mercados poderia derrubar os seus preços e abalar a economia mundial. É por isso que a NASA sublinha que a missão é, acima de tudo, científica: compreender como se formam os núcleos planetários, decifrar a história de impactos que esculpiu o nosso sistema solar e, de passagem, recolher dados que permitam avaliar, sem euforia nem pânico, a viabilidade futura da mineração espacial.
Outros asteróides ricos em recursos
Psique não flutua sozinha. Mais de 1,3 milhões de asteróides catalogados escondem riquezas metálicas ou moléculas orgânicas de grande valor para a indústria e a investigação. Alguns, como 241 Germania, poderiam ser irmãos mais novos de Psique: núcleos despojados de antigos protoplanetas. Outros, como Bennu ou Ryugu, guardam carbono e talvez as pistas químicas que semearam a vida na Terra. E a pouca distância planetária, o pequeno 2011 UW158 concentra platina no valor de 5,4 biliões de dólares, um lembrete persistente de quanto uma única viagem de ida e volta pode alterar o equilíbrio da oferta global.
A era da prospecção interplanetária
Enquanto a comunidade científica aguarda a chegada da nave a Psyche em 2029, a missão é interpretada como o prelúdio de uma nova era: a da prospecção interplanetária. A meio caminho entre o sonho da riqueza e a necessidade de defesa, o sucesso da sonda, ou os seus contratempos, influenciará as políticas futuras sobre exploração de recursos, seguros espaciais e medidas de proteção contra impactos, como as que já foram testadas em 2022 pela manobra DART, capaz de desviar um pequeno asteroide.MAIS INFORMAÇÕESCavaleiro medieval surge sob antiga gelataria no centro históricoVeja a Terra partir-se em segundos: vídeo revela deslizamento de 2,5 m na falha de Sagaing
A NASA lembra que, além do metal, cada rocha espacial transporta história, riscos e oportunidades. Compreendê-los com rigor é o passo essencial para decidir se a humanidade se limita a contemplar o céu… ou se ousa explorá-lo.